Só o talento já não basta
poderá ser ator para sempre. Do contrário...” Paulo Autran
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Aos poucos fui descobrindo qual a importância real daquele instante que tanto me impressionaria pelo resto da vida. Paulo Autran é ainda hoje, uma referência muito forte para mim.
Tive uma chance única de conhecer
meu ídolo pessoalmente. E não deixei escapar a oportunidade de cometer a “tiatagem”.
Foi quando ouvi do próprio: “Se quiser fazer bom teatro, tornar-se um bom ator,
estude. Muito”.
Com o passar dos anos, fui tendo uma
melhor compreensão do que me havia dito o mestre . Era muito mais significativo
do que simplesmente “estude, e estude muito”. Uma verdade incontestável!
-Não basta apenas ter talento. Conhecer sua arte é tão importante quanto ela própria.
E vai além, há
que ter comportamento, atitude e iniciativa. A arte, seja ela qual for, tem a
função do arquiteto. Materializar o sonho diante dos olhos do espectador. Aqueles,
serão momentos únicos. E preciosos. Encante-os!
Ao apreciar uma obra de arte, seja
uma pintura, fotografia, ouvir um concerto, assistir um espetáculo ou um filme, tal ação deve nos causar uma sensação tal que nos faça pensar sobre o tema e este
nos faça refletir sobre nós mesmos. Do contrário esta arte não terá nenhuma
função. E a obra em questão que não nos der tal informação e que precisemos que o
artista tenha que explicá-la, um dos dois é ignorante. Esta arte tornou-se
efêmera e desnecessária. E o artista tornou- se inútil.
A arte que vejo, esparramada, tem muito disso,
inutilidade. Tornou-se promiscua, fútil. Desnecessária. Estamos contemplando o artista da pirotecnia.
Dos prazeres baratos. Despreparado.
Há uma necessidade urgente de
modificar os objetivos e os objetos afim de que não nos transformemos num entulho
cultural em curto espaço de tempo. Essa visão obcecada pelo volátil, pelo efêmero é o fracasso do "artista" como tal.
-Nem tudo que aí está, é arte! E ponto.
Denominar qualquer atividade como obra de arte é banalizar a essência. É
aniquilar o processo criativo. É soterrar o talento privilegiando a ignorância.
A banalização das artes (da literatura, do cinema, da música, da dança,
da dramaturgia, da pintura, etc...) é o trinfo da frivolidade de uma política cultural que apresenta sintomas graves de uma epidemia e um mal ainda maior vitimado por uma sociedade
contemporânea: A ideia temerária de se conceber uma arte com o propósito apenas do entretenimento.
Abandonou-se a cultura e como consequência demos as costas à realidade.
Celebra-se a arte apenas como distração. A idéia do intelectual do
século XXI está na condição de espectador obediente e submisso. Ainda que
alguns poucos protestem, levantem-se contra a anti-cultura, tornem-se
polêmicos, combativos e resistentes, essa repercussão é quase imperceptível.
Muitos, ao detectar essa situação, optam por discreto silêncio.
Já os inquietos e atentos, conseguem fazer uma duríssima radiografia de
“nosso” tempo” e dessa “cultura” que se encaminha a passos largos para a
“espetaculização da mediocridade” e uma inconsequente “imbecilização social”
- Por fim...
“Temos a arte para não morrer da
verdade”disse Nietzsche, outro mestre.
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